Fëanor: Quem mais amamos odiar
- clubetolkieniano
- 18 de jun. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 16 de set. de 2021
Por Mirane Marques

Oi, gente! Voltei! E hoje vamos falar do nosso querido odiado, Fëanor. Antes de começar gostaria de dizer que este texto é somente um comentário sobre o personagem e se baseia em minhas opiniões, que foram formadas há muito tempo atrás. Faz alguns anos que não leio as obras que tem o Fëanor, então me perdoem se disser alguma bobagem. Tentei encontrar minhas anotações desses longos anos de pesquisa, mas basicamente tudo que tenho sobre o Rei dos Noldor é a pergunta “Por que você é assim, Fëanor?”. Quer dizer, meu ponto aqui é: são somente observações pessoais e não um estudo aprofundado sobre esse personagem tão intrigante.
Bem, em primeiro lugar, quem é Fëanor? Acho necessário explicar pois nem todo mundo leu O Silmarillion, né? Fëanor, ou Fëanáro, é um dos elfos mais poderosos da mitologia criada por Tolkien. Filho de Finwë, Rei dos Noldor, e Míriel, Curufinwë já nasceu sugando toda a energia de sua mãe, fazendo com que ela simplesmente desistisse de viver. Finwë, então, se casa novamente com Indis, com quem tem mais quatro filhos, Findis, Fingolfin, Írimë e Finarfin. Claro, eu poderia passar mil páginas explicando cada um deles, mas aí ia demorar muito, então vão ler O Silmarillion! O que precisamos saber é que Fëanor era o filho mais velho e extremamente habilidoso. Estamos falando do elfo que desenvolveu o alfabeto Tengwar, criou os palantíri e, claro, as Silmarils. Sim, as joias que causaram tanta confusão foram feitas por Fëanor. Na verdade, podemos dizer que quem criou toda a confusão foi o próprio elfo, mas não vamos julgar (por enquanto). Curufinwë se casou com Nerdanel e teve sete filhos, Maedhros, Maglor, Celegorm, Caranthir, Curufin, Amrod e Amras.
Então temos essas três joias que contém a luz das Duas Árvores de Valinor e, desde o início, passa a ser o trabalho mais amado do filho de Finwë e junto com o amor cresce também a obsessão e a desconfiança de que todo mundo está de olho em sua obra principal, o que não deixa de ser um pouco verdade.
Enquanto tudo isso acontecia no Reino Abençoado, Melkor é libertado por “bom comportamento” e começa a fazer suas intrigas, principalmente com Fëanor que, embora odiasse o Vala mais que tudo, no fundo dava ouvidos a suas mentiras. Tudo isso leva ao desentendimento entre Fëanáro e Fingolfin, ao banimento do primeiro, à destruição das Duas Árvores e ao roubo das Silmarils, sem contar o assassinato de Finwë. Tudo isso é muito interessante, portanto, digo novamente, leiam O Silmarillion!
Com a destruição das Árvores, somente nas joias de Fëanor podia-se encontrar a luz de Laurelin e Telperion e Melkor as roubara. Pensa num elfo muito bravo! Talvez isso explique tudo o que aconteceu depois, ou talvez não. A questão é que o roubo das Silmarils, que eram a menina dos olhos de Fëanor, o fez perseguir Melkor e proclamar o terrível juramento que definiria o destino dos Noldor em Beleriand. Claro, tudo começa a desandar depois do juramento. Os Noldor pedem os navios dos Teleri para irem para a Terra-média, mas eles dizem não, o que causa o primeiro fratricídio entre os elfos. Fëanor e sua família roubam os barcos e em seguida Mandos anuncia a Condenação dos Noldor, que os castiga a sofrer derrotas, mortes, traições e o fechamento de Valinor para aqueles que partirem. Finarfin se arrepende e retorna enquanto Fëanor e seus filhos usam os barcos roubados para irem a Beleriand. Mas, vejam só, não cabia todo mundo nos barcos, então o Rei dos Noldor diz a seu irmão, Fingolfin, que eles mandarão os barcos de volta assim que chegarem à Terra-média. Mas estamos falando do orgulhoso, teimoso, amaldiçoado Fëanor, que prefere queimar os barcos a envia-los de volta para seu irmão. Fingolfin vê o fogo e percebe a traição, o que leva ele e sua família a terem que atravessar Helcaraxë, o inferno de gelo ao norte, acarretando muitas perdas.
Agora vamos comentar um negócio aqui. Fëanor se revolta, briga com os Valar e arruma toda essa confusão porque o Melkor roubou as Silmarils, o “trabalho do seu coração”. Lembremos, no entanto, que Melkor rouba as pedras porque ele as deseja mais que tudo (não que seja desculpa) e mesmo as joias queimando suas mãos e lhe causando grande dor, ele as mantém e as guarda como algo precioso além da conta, colocando-as em sua coroa posteriormente. Para os Teleri, seus barcos eram suas Silmarils, eles amavam seu trabalho e o consideravam sua vida e Fëanor os roubou não para guardar, mas para queimá-los em seguida. Ou seja, neste caso específico, podemos dizer que até mesmo Melkor mostrou mais consideração por seu inimigo e isso nos leva a questionar “seria o Rei dos Noldor tão mal quanto os sevos de Morgoth?”. Fëanor e seus filhos lutam contra Melkor o resto de suas vidas, mas suas ações em alguns momentos são tão cruéis quanto as do próprio Inimigo. Isso nos mostra que nem todos que lutam contra o mal são bons ou o fazem por meio de boas ações. Parafraseando um outro livro de fantasia, Arda não está dividida entre o bem e Melkor. Os atos de Fëanor e alguns de seus filhos são tão odiosos quanto as obras dos orques e balrogs.
Lembremos também o que Curufinwë diz quando questionado sobre enviar os barcos de volta a Fingolfin: “O que deixei para trás não conto agora como perda; bagagem desnecessária na estrada se mostrou.” (p. 132). Sim, ele disse isso do próprio irmão. O irmão que o seguiu mesmo sabendo que era loucura. Fëanor matou seus próprios parentes para roubar seu trabalho e depois queima-lo ao invés de envia-lo para buscar seu irmão e aliado. Ótimo elfo! Olha, é difícil só gostar desse filho de uma elfa!
Não vou contar o que acontece depois porque quero que vocês leiam O Silmarillion, mas como vocês devem imaginar pelo andamento da história, não foi nada bom.
Fëanor, embora insuportável, é um dos personagens mais interessantes de Tolkien e é considerado o elfo mais poderoso que existiu. Depois de sua morte, seus filhos continuaram seguindo o juramento e tendo suas vidas destruídas em razão disso. Fëanor foi para os Salões de Mandos e é profetizado que ele retornará na Dagor Dagorath, a Última Batalha, e recuperará as Silmarils e as quebrará para que Yavanna possa usar a luz para restaurar as Duas Árvores.
Tudo muito bonito, mas eu ainda prefiro o Fingolfin (a tatuagem no meu braço que o diga). E você? O que acha do nosso esquentadinho?
Arte (mix Kimberly80 e Ted Nasmithhhtt
Apesar de o seu texto ser super conexo e fazer o maior sentido, Feanor é o cara! O personagem mais foda do legendarium. Na minha opinião é "quem mais odiamos amar".