O Silmarillion: A mitologia da Terra-média
- clubetolkieniano
- 16 de set. de 2021
- 3 min de leitura
texto por Mirane Marques

Olá, pessoal! Eu voltei para falar de um assunto muito especial! Ontem, dia 15 de setembro foi aniversário de publicação de O Silmarillion!!! Quarenta e quatro anos atrás o nosso mundo tomava conhecimento da criação do mundo mais fantástico de todos: a Terra-média. A intenção de Tolkien era ter publicado O Silmarillion junto com O Senhor dos Anéis, na década de 50, mas seus editores acharam o projeto inviável e, por isso, só
tivemos o prazer de conhecer a origem de Ëa vinte anos depois, após o falecimento de
Tolkien.
Mas o que é O Silmarillion? Bem, vamos tentar explicar, embora seja difícil
descrever a grandiosidade desta obra. Os primeiros rascunhos do que viríamos a
conhecer como O Silmarillion aparecem por volta de 1925, mas alguns conceitos e
personagens são anteriores a isso, por volta de 1917, quando Tolkien ainda servia seu
país durante a Primeira Guerra Mundial. A história foi se desenvolvendo e, acho que
podemos dizer, tomando conta da mente do escritor inglês e, em 1937, quando O Hobbit
foi publicado, encontramos pistas de um mundo antigo na história de Bilbo. Com o
sucesso do livro, os pedidos para mais contos sobre hobbits e elfos e anões cresceram e
Tolkien viu uma oportunidade de introduzir seu mundo ao público, mas seus editores
achavam as histórias muito sombrias e só queriam saber sobre Bilbo e Valfenda, nada
muito trágico. Mas... eles não contavam com infinita criatividade de Tolkien que, ao
escrever O Senhor dos Anéis, nos deixou vislumbres de Eras antigas, inimigos
poderosos e guerras catastróficas. Quem, agora, não queria saber mais sobre Elrond e os
elfos? Ou a origem do sol e da lua? A queda do Reino de Númenor, que deu origem aos
Reinos de Arnor e Gondor na Terra-média? Ninguém! Todo mundo queria saber mais e
mais sobre esse lugar maravilhoso com seres extraordinários.
Lembro quando terminei O Senhor dos Anéis pela primeira vez. A tristeza, a
saudade! Não queria me despedir daquele mundo de jeito nenhum e então descobri que
havia mais. Havia um vilão pior que o Sauron! E guerras maiores que a Guerra do Anel
e elfos poderosos que viviam com os anjos de Deus!!! Nossa! Uma das maiores alegrias
da minha vida. Mas Tolkien não conseguiu terminar todas as histórias e muitas delas
tinham várias versões e, em 1973, com a morte do autor, Christopher Tolkien assumiu a
responsabilidade de organizar o material e nos apresentar uma narrativa mais ou menos
coerente. E ele continuou trabalhando, nos dando além de O Silmarillion, Contos
Inacabados, The History of Middle-earth (A História da Terra-média, uma coleção de
12 volumes com material sobre toda a criação das grandes obras de Tolkien e que, acho,
está finalmente sendo traduzida para o português) e, mais recentemente, Os filhos de
Húrin, Beren e Lúthien e A Queda de Gondolin, coincidentemente três das principais
histórias de O Silmarillion.
Mas, afinal, o que é O Silmarillion? Em uma palavra, para mim: perfeição! O
Senhor dos Anéis é muito significativo, pois foi como fui apresentada à Terra-média,
mas meu livro preferido do Tolkien é, com certeza, O Silmarillion. O nome
“silmarillion” é Quenya e significa “sobre as silmarils”, sendo as silmarils as joias
criadas por Fëanor. O livro leva esse nome porque a maioria dos acontecimentos gira
em torno da criação, roubo e recuperação do tesouro dos Noldor, que continham a luz
das Árvores de Valinor.
O livro é dividido em cinco partes: Ainulindalë, Valaquenta, Quenta Silmarillion,
Akallabêth e Dos anéis de poder e da Terceira Era.
Ainulindalë nos conta da origem do mundo, de Eru Ilúvatar, o Um, a criação dos
Ainur e a música de criação do mundo. Valaquenta nos apresenta os Ainur no mundo
criado, as formas que assumem, a hierarquia dos Valar e dos Maiar. Já no Quenta
Silmarillion ficamos sabendo dos primeiros infortúnios dos Valar contra Melkor, o
nascimento dos elfos, e tudo o mais que acontece nas primeiras Eras do mundo,
incluindo a criação das Lâmpadas dos Valar, sua destruição, a criação das Árvores, sua
destruição, a criação das silmarils e todo o desenrolar das tragédias sofridas pelos
Noldor em Beleriand. Nesta parte também se encontram as histórias de Beren e
Lúthiem, Túrin e Gondolin, de forma resumida, e termina com a expulsão de Melkor do
mundo.
Na próxima parte, Akallabêth, temos a história do Reino de Númenor, mais
precisamente de sua queda e, na última parte, Dos anéis de poder e da Terceira Era,
temos alguns comentários sobre os acontecimentos de O Hobbit e O Senhor dos Anéis.
No final, temos genealogias das principais famílias humanas e élficas, e também uma
organização das raças élficas.
Óbvio que não vou dar nenhum spoiler aqui, mas digo para prepararem os
lencinhos e não se apegarem a nenhum personagem porque, olha... nunca vi tanta morte,
especialmente se tratando, na maioria, de seres imortais.
Espero que eu tenha animado vocês a lerem essa obra de arte. Tolkien, em algum
momento, considerou estar criando uma mitologia para a própria Inglaterra com O
Silmarillion e, embora ele ache estar sendo arrogante, podemos dizer que essas histórias
não deixam nada a dever aos mitos existentes. Então pegue um caderninho, uma caneta
e venha participar da leitura coletiva de O Silmarillion com o Clube Literário
Tolkieniano de Brasília. Garanto que você não vai se arrepender! Até a próxima!
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